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Nomes da Cachaça

Referência: https://www.mapadacachaca.com.br/artigos/os-nomes-da-cachaca

Ao longo da história, encontramos diversos nomes para denominar a aguardente de cana produzida no Brasil. Entre eles: aguoa ardente (Bahia, 1622), agoardente (Bahia, 1643), aguardente da terra (1646), jeritiba (Bahia, 1689), geritiba (Luanda, Angola, 1688), pinga (1773), caninha (1867). Mas qual seria a origem do nome cachaça?

Há algumas hipóteses para que “cachaça” tenha sido oficializado como o nome do destilado de cana-de-açúcar brasileiro, e todas elas fazem referência a uma bebida que já nasce com complexo de inferioridade. 

A primeira menção à palavra cachaça está na carta de Sá de Miranda (1481-1558) dedicada a Antônio Pereira e estaria se referindo a uma aguardente de uva de baixa qualidade, e não ao destilado produzido no Brasil:

“Ali não mordia a graça./ Eram iguais os juízes. / Não vinha nada da praça. / Ali, da vossa cachaça! Ali, das vossas perdizes!”. 

Em Cartas chilenas (1788-1789), Tomás Antônio Gonzaga, um dos responsáveis pela Inconfidência Mineira, elenca “cachaça” pela primeira vez como produto de procedência brasileira: Outros mais sortimentos, que não fossem / Os queijos, a cachaça, o negro fumo. / […] / Pois a cachaça ardente, que o alegra,/ Lhe tira as forças dos robustos membros.

A ORIGEM DO NOMES CACHAÇA

Outros termos de procedências variadas também podem ter influenciado essa escolha do nome cachaça.

Cachaza ou cachaça: era a aguardente de uva produzida em Portugal e Espanha. A palavra faria referência ao cacho de uva, assim como bagaceira – outra aguardente de uva popular em Portugal – se refere ao bago da fruta.

Cagaça, cagassa ou caxaça: termo para se referir ao caldo de cana usado para alimentar os animais no comedouro. Também referia-se à espuma produzida pela primeira fervura da garapa.

Cacher: o verbo francês cacher, que em português significa “esconder”. Durante muitos séculos de perseguições e proibições, a cachaça era produzida e consumida às escondidas.

Cachaço: o porco selvagem reprodutor era chamado de cachaço. A carne dura do animal era curtida em aguardente.

Ao longo do tempo, o povo brasileiro foi incorporando outros termos para designar o famoso destilado nacional. Algumas dessas palavras foram usadas com o propósito de enganar a fiscalização de Portugal nos tempos em que a cachaça era proibida nas terras coloniais. Outras são formas regionais de retratar carinhosamente a bebida. Algumas se perderam com o tempo, outras se consolidaram na nossa cultura, e muitas ainda estão em dicionários e livros, registrando mais de 700 sinônimos de cachaça.

Pinga: A origem da palavra pinga historicamente está relacionada a uma dose de bebida – principalmente uma dose de vinho. Com a interiorização da aguardente em Minas Gerais e a popularização do destilado, a palavra pinga acabou sendo relacionada ao consumo de uma dose de cachaça, e dessa forma, naturalmente se tornando um sinônimo da bebida. A palavra refere-se também à destilação em alambique de cobre, em que o vinho de cana é aquecido na panela e seu vapor é resfriado e condensado lentamente, saindo aos pingos. Em cidades como Paraty e no interior de Minas Gerais, pinga é sinônimo da cachaça de qualidade. Apesar de derivar do processo artesanal de produção, em alguns lugares, como no estado de São Paulo, a palavra faz menção à aguardente de baixa qualidade ou à industrializada, ganhando sentido pejorativo.

Aguardente da terra: no Brasil Colonial, cachaça era chamada de aguardente da terra, enquanto a bagaceira, destilado da uva produzido em Portugal, era aguardente do reino.

Brejeira: como é chamada a bebida artesanal na Paraíba, referindo-se aos pequenos produtores de cachaça de alambique do Brejo Paraibano, tradicional região de produção do estado.

Paraty: a fama de Paraty como cidade produtora de cachaça cresceu tanto que passou a ser sinônimo de cachaça. Documentos oficiais mostram que o destilado de cana produzido em Paraty já era bastante prestigiado no período colonial.

Salinas: a fama da produção local de Salinas, no norte de Minas Gerais, na década de 1940, fez com que a cidade ficasse conhecida como um dos nomes da cachaça artesanal. Todos os anos é realizado o Festival Mundial da Cachaça de Salinas como forma de celebrar essa importante atividade econômica do município.

 

Januária: em meados do século passado, Januária era a principal referência em cachaça artesanal no norte de Minas Gerais. Mas o aumento da demanda e a queda de qualidade fizeram com que Januária perdesse o título de capital da cachaça para Salinas. O sinônimo, contudo, continua valendo.

 

Morretiana: Morretes, município paranaense, foi um grande centro de produção de açúcar e cachaça. A fama como produtora de cachaça de qualidade era reconhecida não apenas no Brasil, mas na Argentina, Uruguai e Chile – há registros de importação para esses países que datam do século XIX. As poucas marcas que restaram na cidade honram a história morretiana, produzindo excelentes cachaças de alambique.

 

Café-branco: durante sua história, a cachaça por diversas vezes teve sua produção e seu consumo proibidos. Para enganar a fiscalização, era consumida nos balcões em xícaras de café. Era só chegar e pedir um “café-branco”. Diziam que a xícara vinha acompanhada do pires, mas sem a colherzinha para mexer.

Mé: a palavra faria menção ao mel de cana ou das “casas de cozer méis”, como eram chamados os engenhos produtores de açúcar e aguardente. O sinônimo foi popularizado pelo comediante Mussum na década de 1980. Outra referência para a palavra seriam os remédios caseiros chamados popularmente de “mezinhas” – medicações populares que levam cachaça na composição. A fama de Mussum era tanta que mé pegou e virou um dos nomes da cachaça mais queridos.

 

Caiana ou cayana: variedade de cana-de-açúcar da espécie Saccharum officinarum muito usada antigamente por pequenas unidades de produção de cachaça artesanal. A associação espécie/produto logo ganhou as ruas como sinônimo. Essa espécie é caracterizada por altos teores de açúcar e baixa presença de fibra. No entanto, são sensíveis a várias doenças e exigentes no que diz respeito a clima e solo.

Jeribita ou giribita: A aguardente de cana era conhecida na África como jeribita e os comerciantes da bebida de giribiteiros. O destilado era usado como moeda de troca por escravos na costa africana.

Martelo ou martelinho: um dos nomes dados ao copo de 60 ml geralmente usado para consumo de cachaça em bares e botecos. Há o costume de bater o copo na mesa depois de virar uma dose – a base reforçada do copo aguenta a “martelada”.

Cachaça de cabeça: cabeça é a fração da destilação da cachaça que apresenta alto teor alcoólico e componentes prejudiciais à saúde. Consumi-la não é considerado seguro, mas, em muitas regiões do Brasil, alambiques informais comercializam essa cachaça de cabeça. O nome acabou pegando, mas evite porque não é sinônimo de cachaça de qualidade.

Bendita: italiano e descendente de escravos, são Benedito foi adotado como padroeiro da cachaça. O sinônimo “bendita” é um dos mais corriqueiros, sendo até título de programa de Bendita Marvada e do livro: De marvada a bendita, de Renato Figueiredo. “Marvada” é outra palavra popularmente usada como sinônimo de cachaça.

O MAPA DOS SINÔNIMOS DA CACHAÇA

O Mapa da Cachaça fez um estudo dos principais sinônimos de cachaça e em qual lugar do Brasil eles são mais citados. É o nosso Mapa dos Sinônimos da Cachaça. Você agora também pode tê-lo e coloca-lo na sua parede de casa ou bar para mostrar pra todo mundo que é fluente em cachacês. Para comprar clique aqui.

Fontes: Livre adaptação de https://www.mapadacachaca.com.br

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